O spec-driven development (ou desenvolvimento orientado por especificações) é uma abordagem de engenharia de software que parte do princípio de que a especificação vem antes do código. Em vez de começar programando e ajustar o sistema conforme ele evolui, o time define de forma clara — e frequentemente formalizada — o que o sistema deve fazer, como deve se comportar e quais interfaces expõe. Essas especificações tornam-se a fonte única de verdade para todo o processo de desenvolvimento.
Na prática, isso significa que o time cria primeiro documentos que descrevem o funcionamento do sistema: requisitos funcionais, fluxos de dados, APIs, contratos entre módulos e critérios de aceitação. A partir dessas especificações, o código é então gerado, implementado ou testado automaticamente. Em alguns contextos, essas “specs” são escritas em linguagens padronizadas e legíveis por máquina, como OpenAPI (para APIs REST), GraphQL Schema Definition Language, ou até modelos em YAML/JSON que descrevem comportamentos esperados.
O objetivo é alinhar todos os envolvidos — desenvolvedores, testadores, designers e stakeholders — em torno de um mesmo entendimento, reduzindo ambiguidade e retrabalho. Essa prática é especialmente comum em ambientes onde há múltiplos times trabalhando em partes diferentes de um mesmo sistema, como em arquiteturas baseadas em microsserviços.
Um exemplo ajuda a visualizar. Imagine que uma empresa está criando uma plataforma de pagamentos. Antes de implementar o código, o time escreve uma especificação OpenAPI definindo endpoints como /pagamentos, /clientes e /transações, detalhando quais dados cada rota recebe e devolve, além dos possíveis códigos de erro. A partir dessa spec, o front-end já pode começar a desenvolver o painel de usuário simulando respostas da API, enquanto o back-end gera automaticamente stubs (esqueletos de código) para os serviços. Quando o código é implementado, ele é validado contra a especificação — garantindo que o que foi desenvolvido está exatamente de acordo com o planejado.
O spec-driven development se relaciona intimamente com o conceito de Document-First Development, já que ambos colocam a documentação e as especificações no centro do processo. No entanto, o spec-driven tende a ser mais técnico e formal: enquanto o Document-First enfatiza a comunicação e clareza de requisitos, o spec-driven enfatiza o uso de documentos estruturados e automatizáveis como base para geração e validação de código.
Em resumo, o spec-driven development muda a mentalidade de “escreva código e depois documente” para “documente de forma estruturada e então implemente”. É uma abordagem que prioriza a previsibilidade, a consistência e a colaboração — e que, quando bem aplicada, reduz significativamente o atrito entre planejamento e execução no desenvolvimento de software.
Segue um exemplo detalhado aplicado a um sistema de estacionamento.
1 comentário em “O que é o spec-driven development?”